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Por que a produção de alimentos é central na conservação da Amazônia

A maneira como produzimos, distribuímos e consumimos alimentos impacta a vida humana em todas as suas principais esferas: individual, social, cultural, econômica e ambiental. Na Amazônia, o alimento tem o poder de catalisar tanto a conservação como a derrubada da floresta.
Renata Piazzon,
8.03.2024

A maneira como produzimos, distribuímos e consumimos alimentos impacta a vida humana em todas as suas principais esferas: individual, social, cultural, econômica e ambiental. Na Amazônia, o alimento tem o poder de catalisar tanto a conservação como a derrubada da floresta.

Olhar para o que temos chamado de sistemas alimentares no contexto da Amazônia é um caminho imperativo para todos que constroem iniciativas relacionadas à agenda climática. Incluo aqui a filantropia, que tem nessa agenda uma grande oportunidade de reforçar o seu impacto.

O contexto amazônico é de desafios. Quando pensamos em segurança alimentar, os números estão entre os piores do país: 71% dos domicílios da região Norte apresentam algum nível de insegurança alimentar, mesmo que leve, contra uma média nacional de 58,7%. Se analisarmos apenas a fome, a situação está presente em 25,7% das casas da região Norte. A média brasileira é de 15,5%.

Diante desses números, é possível dimensionar o papel que a Amazônia teve na volta do Brasil ao Mapa da Fome. Um fato que revela uma grande dicotomia nacional, já que o País é o terceiro maior produtor de alimentos do mundo e ainda tem grande capacidade de elevar sua produção.

Área disponível para ampliação de cultivo e criação de animais não é uma questão. Segundo o IBGE, há, no Brasil, 100 milhões de hectares de pastagens degradadas. Grande parte dessa terra está disponível para a produção de alimentos, que pode ser incentivada por meio de sistemas agroflorestais ou da integração lavoura, pecuária e floresta, por exemplo.

Já na Amazônia florestal, as oportunidades são infinitas no que chamamos de bioeconomia da sociobiodiversidade: açaí, guaraná, cacau, castanha, tucumã, jambu, buriti, bacuri, entre tantos outros. No entanto, pelo menos até o momento, dados compilados pela iniciativa Amazônia 2030 apontam que a Amazônia Legal possui uma participação ínfima no mercado global desses produtos (inferior a 0,2%), apesar de estar em expansão e já gerar uma receita mundial acima de US$ 170 bilhões por ano.

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