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Um novo papel político para a Amazônia: 100 primeiros dias de governo

Renata Piazzon, diretora do Instituto Arapyaú; Roberto Waack, presidente do Conselho do Arapyaú; e Mônica Sodré , diretora executiva da Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (RAPS). Todos são integrantes da iniciativa Uma Concertação pela Amazônia. Em um ano de eleições, em que o Brasil renova a escolha de seus representantes, uma oportunidade se abre diante do País: a de que a maior floresta tropical do mundo, orgulho nacional e responsável pela regulação do clima global, ganhe um novo papel e significados políticos, a partir de uma visão estratégica do nosso patrimônio que vá além dos ativos ambientais.
Renata Piazzon,
24.10.2022

Em um ano de eleições, em que o Brasil renova a escolha de seus representantes, uma oportunidade se abre diante do País: a de que a maior floresta tropical do mundo, orgulho nacional e responsável pela regulação do clima global, ganhe um novo papel e significados políticos, a partir de uma visão estratégica do nosso patrimônio que vá além dos ativos ambientais.

A democracia brasileira encontra-se sob estresse e uma das razões é a dificuldade de sua tradução em ganhos de qualidade de vida, prosperidade e bem-estar para o maior número de pessoas. Na região amazônica, onde crescem a ilegalidade e o desmatamento, não é diferente. O território vive um ciclo de degradação e aprofundamento das desigualdades.

Esse cenário só mudará quando proteção ambiental, inclusão social e desenvolvimento econômico andarem juntos e se tornarem prioridade das políticas públicas produzidas no País. Para isso, os primeiros 100 dias de um governo, momento que marca sua direção, são fundamentais.

Com base em uma abordagem sistêmica, a iniciativa Uma Concertação pela Amazônia lança nesta semana, em evento com a Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (Raps) e o Estadão, o documento 100 primeiros dias de governo: propostas para uma agenda integrada das Amazônias (ver detalhes do evento ao lado). Criada em 2020, a Concertação é uma rede composta por pessoas e organizações que atuam em prol do desenvolvimento sustentável da região. 

A concepção do documento, feita de maneira colaborativa, envolveu 12 encontros temáticos e 130 pessoas e traz 14 propostas em áreas que vão de Saúde e Educação a Segurança Pública e Inovação.

Com a perspectiva de que a Amazônia pode fundar um novo modelo de desenvolvimento para o País, o documento inova ao apresentar as propostas traduzidas em atos normativos, como decretos e projetos de lei. O intuito é, a partir de uma redação com respaldo jurídico, facilitar a implementação das propostas, que podem ser adotadas já no início dos mandatos do Executivo federal e estadual e Congresso Nacional.

A premissa que orienta o trabalho é de que ações de comando e controle para o combate ao desmatamento, embora imprescindíveis, são insuficientes e é preciso combiná-las com melhora na qualidade de vida e criação de oportunidades econômicas capazes de conciliar capital natural e justiça social.

Os desafios são muitos e o caminho é longo, mas a ambição desse documento é apoiar o País na decisão de acertar o passo com o mundo contemporâneo e ir em frente, tendo a Amazônia como solução.

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